Crack, vamos nos perguntar o Por que???

Crack, vamos nos perguntar o Por que???



Por: Vanessa dos Reis Domingues*


Tratar a epidemia do crack em nossa juventude sem discutir a temática da exclusão social é extremamente superficial. Não faz a mínima questão de refletir e debater sobre um problema histórico de nosso país a concentração de renda versos os “desvalidos”. Hoje não poderia ser diferente o crack é uma epidemia da periferia baseada na “segregação sócioespacial-ambiental” da população para áreas conhecidas por nós como ocupações ou invasões. Esta segregação “sócioespacial-ambiental" da população para bairros mais distantes, ao longo das últimas décadas, reduziu as chances de emprego e propiciou abandono à infância, uma vez que as mães ficam mais horas do dia ausentes. Além disso, há um contato cotidiano dessa população com a falta de saneamento, enchentes, medo de despejos e violência.



A presença de indivíduos extremamente jovens no cotidiano do tráfico de drogas decorre provavelmente das desigualdades sociais do país, constatadas por meio da concentração de renda e da ausência de oportunidades, tais como nutrição, educação, assistência médica, habitação e formação profissional adequadas (Szwarcwald et al, 1998). Em contrapartida, o mercado ilegal do tráfico oferece possibilidades de ascensão e de relações de reciprocidade social, vantagens imediatas raramente encontradas nessas regiões socialmente excluídas (Minayo et al, 1998; Szwarcwald et al, 1998; Baptista et al, 2000).

Portanto é fato que a exclusão territorial e social torna indivíduos, famílias e comunidades particularmente vulneráveis, abrindo espaço para a violência e o conflito. Nessas vilas recém-ocupadas distante do centros das cidades não há saneamento e serviços básicos não chegam até estas comunidades: posto de saúde, creche oferta de emprego, tampouco opções de cultura e lazer fomentando assim o acesso ao uso e trafico do crack.



*Professora de História e Sociologia



















O cântico da terra - Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida. Do meu barro primeiro veio o homem. De mim veio a mulher e veio o amor. Veio a árvore, veio a fonte. Vem o fruto e vem a flor. Eu sou a fonte original de toda vida. Sou o chão que se prende à tua casa. Sou a telha da coberta de teu lar. A mina constante de teu poço. Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço. Sou a razão de tua vida. De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida. Só em mim acharás descanso e Paz. Eu sou a grande Mãe Universal. Tua filha, tua noiva e desposada. A mulher e o ventre que fecundas. Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor. A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu. Teu arado, tua foice, teu machado. O berço pequenino de teu filho. O algodão de tua veste e o pão de tua casa. E um dia bem distante a mim tu voltarás. E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás. Plantemos a roça. Lavremos a gleba. Cuidemos do ninho, do gado e da tulha. Fartura teremos e donos de sítio felizes seremos. Cora Coralina